terça-feira, 10 de junho de 2008

Resposta de Cristovam Buarque aos gringos

Ele já havia respondido há muito tempo, mas ainda tá valendo.

por Cristovam Buarque*

Durante debate em uma Universidade, nos Estados Unidos, fui questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não de um brasileiro. Foi a primeira vez que um debatedor determinou a ótica humanista como o ponto de partida para uma resposta minha.

De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

Respondi que, como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, podia imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a Humanidade.

Se a Amazônia, sob uma ótica humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Os ricos do mundo, no direito de queimar esse imenso patrimônio da Humanidade.

Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

Durante o encontro em que recebi a pergunta, as Nações Unidas reuniam o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu disse que Nova York, como sede das Nações Unidas, deveria ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza especifica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o pais onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar; que morram quando deveriam viver.

Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Meio Ambiente é Caretice

O tema deixou de ser um hobby para iluminados a partir do momento em que as escolhas pessoais passaram a ter impacto coletivo.

É um título bem sugestivo, da matéria de Edoardo Rivetti na Revista TAM na Nuvens de Maio/08, que aborda a direção para onde segue a discussão sobre o tema. Abaixo transcrevo um parágrafo de seu texto que define, em poucas linhas, as idéias do autor :

"... Suas escolhas pessoais, como consumo e reciclagem (seu lixo), uso de recursos naturais, como água, energia e matérias-primas (suas contas), seu carro, sua casa e suas decisões de investimento (seu patrimônio), até muito pouco tempo atrás, só diziam respeito a você. O mundo era grande, a natureza infinita e os outros moravam longe. Comprar 50 litros de gasolina por semana (e gerar poluição decorrente) era assunto seu. Extrair 85 milhões de barris de petróleo por dia (e gerar a poluição decorrente) é assunto de quem? Tomar seu chope no fim de semana é assunto seu. Dirigir embreagado na cidade onde nossas famílias moram é assunto de quem? ..."

Interessante que ele traça um paralelo entre meio ambiente e as drogas. Sugere que o uso das drogas, assim como a degradação ao meio ambiente, em certa época foi assunto sem importância ou desconhecido; a partir do momento em que se tornou impacto coletivo, um custo social (o intenso consumo) passou a ser considerado problema, passou a ser regulado e reprimido. Assim, o meio ambiente tende à caretice, preservá-lo se torna necessidade e quem degrada passa a ser regulado e reprimido. Entretanto, acredito que os mesmos garotos que fumam um baseado escondido hoje, não verão seus filhos jogar lixo nos rios escondidos amanhã, ou será que vão?

Para ler a versão digital da revista, acesse o link:
Revista TAM nas Nuvens

http://www.tamnasnuvens.com.br/revista/site/index.html

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Pra quem gosta de números

Saiu na revista Ciência Hoje, Vol.42 nº248, sob o título "Florestas Tropicais":

"As florestas tropicais são os ecossistemas com maior biodiversidade no planeta. Apesar de cobrirem apenas 2% da superfície terrestre, abrigam cerca de 70% das espécies de plantas terrestres, 30% das espécies de pássaros e nada menos que 90% das espécies de invertebrados. Entre as florestas tropicais, a Amazônia é a mais rica em biodiversidade. Estudos recentes assinalam que na Amazônia existem mais de 40 mil espécies de plantas, 427 espécies de mamíferos, 1.294 de aves, 378 de répteis, 427 anfíbios e aproximadamenrte 3 mil de peixes, e novas espécies são descobertas com grande freqüência."

Pra quem só acredita vendo:

É melhor se conscientizar sobre o papel de cada um na preservação deste lugar pois, caso contrário, você não vai acreditar, porque você não vai ter nada pra ver!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Plano Amazônia Sustentável - PAS


O Plano Amazônia Sustentável - PAS é uma iniciativa do Governo Federal em parceria com os estados da região amazônica. Propõe estratégias e linhas de ação, aliando a busca do desenvolvimento econômico e social com o respeito ao meio ambiente.

O Plano tem como objetivo geral implementar um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia brasileira, pautado na valorização da potencialidade de seu enorme patrimônio natural e sócio-cultural. Suas estratégias estão voltadas para a geração de emprego e renda, a redução das desigualdades sociais, a viabilização das atividades econômicas dinâmicas e inovadoras, com inserção em mercados regionais, nacionais e internacionais, bem como para o uso sustentável dos recursos naturais com manutenção do equilíbrio ecológico.

O PAS se organiza em torno de cinco grandes eixos temáticos:

- produção sustentável com inovação e competitividade
- gestão ambiental e ordenamento territorial
- inclusão social e cidadania
- infra-estrutura para o desenvolvimento
- novo padrão de financiamento


http://www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=59&idMenu=3155



Bonito né? Parece até a sinopse de um filme de ficção. Alguém sabe quando é a estréia?

Para quem participou da consulta pública no dia 09 de julho de 2006 (é isso aí, 2006) espero que tenham atentado para os dois últimos "grandes eixos temáticos", eles dizem muito sobre o que realmente vem acontecendo por aqui. E por falar em consultas públicas, não posso deixar de dizer que adoro elas, a gente fala, fala, fala, depois vêm os moderadores e editam muito do que se falou, deixando sugestões 'bonitinhas' e ainda acrescentam: "São sugestões da maioria do grupo". Talvez os moderadores tenham razão... se, de alguma forma bem criativa, considerarmos que a maioria são eles.